365 dias

Acho que muita gente faz isso né? Quando completa mais um ano de vida fica pensando no que fez nesses 365 dias...
Coisas que aprendi (ou reaprendi) nesse pequeno espaço de tempo:
- Sempre achei que era uma pessoa que perdoava fácil, até alguém me ferir de uma maneira mais dolorosa, aí aprendi que perdoar é fácil, mas, por vezes, pode ser um pouco demorado;
- Aprendi que deixar o ego influenciar nas decisões pode ter consequências ruins;
- Aprendi que a ajuda que tu esperas de quem está próximo pode vir de quem mal te conhece;
- Aprendi que não importa o que tu faça, alguém vai te criticar;
- Aprendi que as pessoas que mais te criticam são aquelas que fazem mesmo que tu;
- Aprendi o quanto é gratificante ser gentil;
- Aprendi que é preciso defender os amigos, principalmente, quando eles não estiverem por perto;
- Aprendo que temos que valorizar os que as pessoas podem nos oferecer, mesmo que a gente espere mais delas;
- Principalmente, aprendi que contos de fadas existem, assim como o final feliz, porque o final é a gente que faz.

Doce rotina

A música do despertador do celular
O beijo no cangote insinuando bom dia
A voz no ouvido dizendo que é hora de levantar

A música brega cantada com alegria
A dança rápida na sala
E o sorriso encantador cheio de magia

O e-mail na caixa de entrada, logo de manhã
Os relatos quentes da noite passada
Os arrepios que vão percorrendo o corpo
As palavras de carinho e a saudade declarada

As tarefas de trabalho cumpridas
O brilho nos olhos quando te encontro
A paz que tenho no teu abraço
Teu beijo gostoso e o aconchego do teu corpo

O cientista do amor

O cientista do amor passou alguns anos fazendo análises, ele tinha teorias, dizia que existem pessoas que conseguem olhar nos olhos umas das outras e deixar transparecer sentimentos verdadeiros, que nunca serão manchados por mentiras ou promessas infundadas. Ele teorizou a questão de que as pessoas tem que ser livres e deixar livre quem gostam, assim elas sempre voltarão para os braços uma da outra e, mais, ele escreveu a teoria da cumplicidade, na qual as pessoas fazem coisas bobas, gestos de carinho, dançam sem música e passam horas conversando sobre trivialidades e tudo isso é muito prazeroso. Ele defendeu também que apenas um toque pode causar uma sensação de arrepio em todo o corpo e o cheiro de um perfume gostoso causa uma sensação parecida com andar nas nuvens. Ele relatou também que é possível gostar de alguém e, só de pensar na pessoa, o dia ficar mais colorido. Ele disse que era possível dormir imaginando a voz da pessoa na nossa mente e que isso deixaria nosso sono tranquilo, disse também que era possível gostar de alguém, aproveitando os bons momentos juntos, sem cobranças e sem desavenças.

Adolescências de uma sexta-feira

Certamente seria uma sexta-feira diferente, assim como os dias da semana que a precederam, já havia uma semana que havia lhe conhecido e, a cada dia, ia-se aumentando dentro do peito os sentimentos, ainda confusos, visto que não tinham trocado mais do que palavras e risadas virtuais.
- Bom dia! Já estou tomando um chimarrão!
É com esta mensagem que seu dia de trabalho começa, assim que liga seu computador, verifica seus e-mails e a mensagem está lá, na caixa de entrada, onde não pode-se ver o conteúdo, mas se sabe o remetente.
E as borboletas que surgiam em sua barriga desde o primeiro dia em que efetivamente conversaram, ficam enlouquecidas, se debatendo, enquanto digita uma resposta.
E a manhã segue assim, entre um relatório redigido, um orçamento enviado, uma conversa com colegas e clientes, os e-mails vão sendo trocados entre eles, contendo frases engraçadas e provocantes, convites para passeios futuros e comentários sobre a personalidade de cada um
A sensação que tem sido constante nesses últimos dias é tão docemente gostosa, as conversas, as trocas de opiniões, a cumplicidade de ideais e, até mesmo, as diferenças em alguns aspectos, tudo isso tem sido divertido, com um frio na barriga constante, culpa das borboletas agitadas, e os dias tem sido como de um adolescente que está descobrindo o amor pela primeira vez.

*Bebida típica do Rio Grande do Sul. É como um chá. Água quente em um recipiente (chamado cuia) com ervas trituradas.

Perder ou Se perder!

Para encontrar-se é preciso perder-se. Tem uma frase de alguém, que não lembro quem, que diz, mais ou menos isso, que para a gente se encontrar na vida, é preciso se perder.
Mas esse perder tem qual sentido? Cada um dá o seu significado pessoal à palavra perder?
Na minha opinião, perder é aprendizado, mas dói e dor eu não quero!
Se perder me remete ao fracasso, porém é necessário, como já mencionado, no aprendizado, e não é ruim, pois isso sim nos fortalece e nos faz crescer. Perder-se num caminho, pegar a estrada errada, ter de voltar atrás até que consiga um retorno; Perder-se no horário em um dia que você tinha mil compromissos e acabou saindo de casa duas horas depois do previsto; Perder-se num telefonema e, ao desligar, lembrar que era uma ligação interurbana e você gastou uma fortuna conversando sobre coisas triviais; Perder-se no meio de uma leitura, não entender mais nada e voltar ao início do livro para tentar entender o que está acontecendo com determinados personagens e porque eles estão assim; Perde-se na quantidade de vinho que ingeriu, sabendo que tem que trabalhar cedo no dia seguinte; Perder-se em devaneios.
Sim, é preciso se perder para se encontrar. Mas também é preciso saber diferenciar o perder do se perder!

Revisitando o interior

Restam poucos, mas ainda existem lugares no mundo nos quais não há internet, telefone, mesas de bar, condomínios, trânsito caótico e todas essas coisas que movimentam nossa vida diariamente. Eu não viveria em um lugar assim, fato!

Mas é em um desses lugares que eu tenho a sorte de poder colocar as ideias no lugar.

Quando estamos diante de um problema um dos nossos primeiros passos é procurar os amigos, esses, por sua vez, nos ouvem, aconselham, mostram possíveis atitudes que podemos tomar, enfim, tentam ajudar-nos de alguma maneira. Mas é acompanhado de nossa consciência e de nosso coração que decidimos o rumo que tomaremos.

Imagine-se deitado, lendo um livro que você queria ler há muito tempo, numa rede, presa em árvores, o vento batendo, os pássaros com doces melodias. De repente você começa a pensar nos problemas e sorri, eles já não tem mais a mesma relevância que tinham no dia anteior, quando você estava dirigindo seu carro em um dia de chuva, por exemplo.

Claro, o fato de que te magoaram, fizeram seu coração doer, te decepcionaram não muda, mas e o outro lado? As pessoas que te querem bem, que se preocupam, que te ligam para saber como você está, que te abraçam e falam o quanto você é importante, que te lançam um sorriso doce e falam "estou aqui, quando precisares de mim", e até mesmo aqueles que te xingam e reclamam da falta que você faz.

Tudo é questão de ponto de vista e energia, olhar as coisas de outra forma e colocar energia no que - e em quem - realmente vale a pena.

Enquanto finalizava meus pensamentos ouvi uma voz suave: "Vem tomar café, passei agora e acabei de tirar um pão do forno a lenha"

Ainda bem que existem lugares como esse no Mundo...

Preto

"Lembro com muito gosto o modo como ela se referia a ele. Pelo menos ela o fez uma vez e isso ficou marcado muito fundo, dizendo: Caetano, venha ver o preto que você gosta. Isso de dizer o preto, sorrindo ternamente como ela o fazia, o fez, tinha, teve, tem, um sabor esquisito, que intensificava o encanto da arte e da personalidade do moço no vídeo.
Era como isso se somasse àquilo que eu via e ou...via, uma outra graça, ou como se a confirmação da realidade daquela pessoa, dando-se assim na forma de uma bênção, adensasse sua beleza.
Eu sentia a alegria por Gil existir, por ele ser preto, por ele ser ele, e por minha mãe saudar tudo isso de forma tão direta e tão transcendente. Era evidentemente um grande acontecimento a aparição dessa pessoa, e minha mãe festejava comigo a descoberta."
Do livro "Verdade Tropical" de Caetano Veloso.