Osvaldo da repartição

Osvaldo trabalhava naquele lugar há 6 anos e nunca tinha parado para pensar nos seus colegas, ele viu várias pessoas entrando, várias saindo, de algumas até esquecera o rosto, então, naquela sexta-feira de sol houve uma festa de despedida para uma colega sua que estava indo embora da empresa e após ela sair acenando com lágrimas, ele sentou no banco que tem na área de lazer e pensou nas outras pessoas que tinham ido embora, não que ele sinta saudades, até sentiu algumas vezes, mas no dia em que seus dois colegas de setor foram embora ao mesmo tempo, ele criou uma certa barreira, passou a não sentir mais saudade dos que partiam e nem se apegava muito aos novos que chegavam. Olhou para o lado e viu seus colegas que ficaram, acenando para a colega que partira, começou a analisar casa um deles, primeiro olhou para o moreno com cabelos cacheados, rapaz novo, talvez 22 anos, casado há 2, estuda pela manhã e trabalha tarde e noite, ele o viu comentando uma vez que a coisa que mais gosta de fazer é ir ao cinema, é fanático por filmes de vampiros, então sempre que tem um novo no cinema, ele combina com a esposa de assistir, é um cara quieto que houve pagode o dia inteiro no seu computador; olhou depois para o menino da recepção, sempre que chega Osvaldo o cumprimenta, as vezez ele sorri um bom dia, as vezes murmura um bom dia baixinho, um menino de 19 anos - Osvaldo lembrou do seu último aniversário - que gosta do que faz aparentemente, mas é meio perdido, vive a fazer planos, mas não vai atrás de nenhum, um menino comum, pensou consigo; ao lado dele estava outro menino, de mesma idade, colega de setor do rapaz que gosta de cinema, esse menino, ao contrário do menino da recepção, está quase sempre de cara amarrada, gosta muito de ouvir conversas alheias e levá-las adiante, é uma pessoa falsa, uns dizem que é por causa da idade, mas Osvaldo com essa idade já trabalhava e era um conceituado aluno de graduação, idade só é justificativa de atos falhos para uma criança com menos de 10 anos; atrás estava o chefe do setor dos meninos, um cara legal até, mas daqueles que se acha dono da verdade, é fácil lidar com ele, é atencioso, ouve os colegas, mas não queira discordar dele, ele defende até a morte o que pensa e não adianta insistir, só abre mão da sua opinião quando um superior consegue mostrar que está errado, fora isso é um trabalhador honesto e muito eficiente. Osvaldo foi analisando um por um dos seus colegas e no final chegou a conclusão que precisava mudar de emprego, não por causa dos colegas, mas porque não se sentia mais motivado como antes, precisava de novos desafios, desafios que o fizessem crescer, que o fizessem ter medo, que o perturbassem, algo bem diferente de sentar num banco e analisar seus colegas de trabalho.

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