O medo

O cheiro de gasolina que o carro estragado exalou teve o mesmo significado que o cheiro que ficou no meu travesseiro hoje de manhã quando saí de casa.
Tá bom, sei que são cheiros muitos diferentes e não tem nada a ver um como o outro.
Mas o cheiro da gasolina veio porque algo estragou no meio daquele monte de peças que compõem um carro, assim como o cheiro que ficou no meu travesseiro veio de um momento muito bom que acredito ter sido o último justamente porque no meio das muitas peças que precisamos p/ estruturar um relacionamento, uma delas estragou.
O carro tá na oficina e fica pronto amanhã. Devo então colocar na “oficina” da vida e tentar consertar isso também?
Descer as quase 10 quadras que separam a minha casa da parada de ônibus, esbarrar em muitas pessoas na rua lotada, chegar no trabalho suando sem carro me incomoda, mas é algo que agüento fácil porque já andei muito de ônibus nessa vida.
Consertar relacionamentos é muito mais complicado porque preciso saber se realmente quero que isso aconteça, parar e pensar se vale a pena pagar por esse serviço. Aí paro, penso e percebo que o melhor a fazer é deixar as coisas assim, enquanto a peça estragada é uma peça pequena, porque com o tempo peças maiores podem estragar-se e aí o preço a se pagar pelo conserto é muito mais caro.
Medo de me machucar? Claro que não! A vida tá aí p/ ser vivida! Medo de machucar pessoas que só me deram coisas boas.